Empresas japonesas começam a desistir da China
A queda forte do iene japonês contra o yuan chinês está pressionando as empresas japonesas a repensarem suas estratégias na China
A fuga das empresas japonesas para a China parecia um caminho sem volta. Os altos custos de mão de obra no Japão e a crise econômica internacional fizeram com que as grandes e até médias empresas japonesas se instalassem no paraíso trabalhista chinês.
Com baixíssimos custos de mão de obra e leis trabalhistas muito favoráveis para os empresários, transferir parte da produção para a China parecia ser a opção lógica para as empresas japonesas. Esse movimento chegou a prejudicar muitos de trabalhadores brasileiros de empresas como Toshiba e Sony, que viram suas empresas empregadoras exportando suas linhas de produção para filiais chinesas. A inscrição "日本産" (Nipponsan, produzido no Japão), não era mais um grande atrativo para os consumidores japoneses que passaram a preferir o preço em detrimento da qualidade do produto nacional.
Com uma forte pressão da comunidade internacional por leis trabalhista mais justas, o governo chinês foi obrigado a repensar sobre o benefício dado aos trabalhadores locais. Em cinco anos, o custo trabalhista na China dobrou e os chineses não aceitam mais trabalhar em condições precárias.
O avanço social chinês e a forte queda do iene em relação ao yuan prejudicou muitas empresas japonesas que produzem na China e vendem no Japão. As manifestações anti-japonesas em 2012 também colocaram a integridade das empresas em uma situação delicada. Muitos executivos japoneses foram substituídos por funcionários locais na tentativa de diminuir a tensão causada por certos grupos de funcionários chineses.
Os números mostram que os empresários japoneses estão começando a desistir da China. Somente nos primeiros oito meses de 2014, os investimentos japoneses na China caíram 43%, de acordo com a Jetro.
Repassar o aumento dos custos de produção na China para o consumidor japonês é praticamente impensável, principalmente depois do impacto negativo ocorrido desde abril com o aumento do imposto sobre o consumo para 8%. Tendo em vista que a variação cambial é flutuante e imprevisível, ainda é cedo para afirmar que as empresas japonesas estão fazendo o caminho de volta para casa. Mas as malas já estão prontas.
Fonte: IPC Digital - 29/10/2014