Taxa de disponibilidade de emprego em 2020 no Japão tem maior queda em 45 anos
Neste ano a possibilidade de emprego continua incerta
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A taxa de disponibilidade de emprego no Japão registrou a maior queda nos últimos 45 anos, ao mesmo tempo em que a taxa média de desemprego teve o primeiro aumento em 11 anos, revelando o impacto da pandemia do coronavírus no mercado de trabalho, segundo dados divulgados pelo governo.
A taxa de disponibilidade de empregos caiu 0,42 ponto percentual para 1,18, o mais acentuado desde a queda de 0,59 ponto percentual em 1975, quando o mundo vivia a crise mundial do petróleo, segundo o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão. Significa dizer que no mercado houve 118 vagas de emprego para cada 100 candidatos, publicou a Kyodo News.
A queda foi maior que o 0,41 ponto percentual registrado em 2009, durante a crise financeira mundial, com a taxa atingindo o ponto mais baixo desde o 1,09 por cento em 2014, segundo o governo.
Já a taxa de desemprego ficou em 2,8 por cento em 2020, representando um crescimento de 0,4 ponto percentual em comparação com o ano anterior, anotando o primeiro aumento desde 2009, quando subiu 1,1 por cento para 5,1, segundo o Ministério.
O total de desempregados cresceu de 290 mil para 1,91 milhão, o primeiro aumento em 11 anos. E o número de ocupados caiu 480 mil para 66,76 milhões, a primeira queda em oito anos.
Estes números mostram as consequências da pandemia no mercado de trabalho, segundo o ministro de Assuntos Internos e Comunicações, Ryota Takeda. “Vamos monitorar de perto para ver o desenvolvimento”, disse.
Entre aqueles com ocupação, 20,90 milhões eram empregados não regulares, uma queda de 750 mil em relação ao ano anterior, diminuindo pela primeira vez desde que estes dados começaram a ser computados em 2014, em meio às demissões promovidas por empresas atingidas pela pandemia.
Até o início da pandemia houve um aumento de 360 mil trabalhadores regulares em relação ao período anterior, passando para 35,39 milhões, com uma maior inclusão de mulheres e idosos no mercado.
Quanto aos funcionários dispensados, houve um aumento de 800 mil, passando para 2,56 milhões, um recorde nos últimos 52 anos, o nível mais acentuado de todos os tempos.
O setor de serviços, como hotéis e restaurantes, foi o que mais perdeu trabalhadores, com queda de 290 mil para 3,91 milhões, a mais acentuada entre todos os setores graças ao sumiço dos consumidores em meio a pedidos para que evitassem sair de casa e também pelo medo de infecção.
No ano passado, o governo japonês estabeleceu o primeiro estado de emergência entre abril e maio. Mas como consequência a economia contraiu 29,2 porcento no trimestre de abril a junho em relação ao período anterior.
Com a declaração de um segundo estado de emergência para 11 províncias em janeiro deste ano, com tendência de ser prorrogado, as perspectivas de emprego continuam incertas.
A taxa de desemprego em 2019 foi de 2,4 por cento, o nível mais baixo desde 1992, mas com a pandemia essa taxa piorou paulatinamente, atingindo 3 porcento em agosto pela primeira vez em três anos.
O analista do Instituto de Pesquisa Daiwa, Munehisa Tamura, disse que os dados mostram a piora notável ocorrida no ambiente de trabalho no ano passado, naquela que ele considera a pior crise econômica do pós-guerra.
Porém, Tamura acrescenta que a deterioração não foi tão grave, citando que muitas empresas tentaram manter os trabalhadores para se prepararem para o fim do primeiro estado de emergência.
Neste ano, Tamura prevê que os números do mercado de trabalho poderiam melhorar devido à falta de gente para trabalhar, mas vai depender ainda das consequências da pandemia.Fonte: Alternativa - 01/02/2021