Produção doméstica de montadoras japonesas cai quase 50% em setembro, mostra pesquisa
O resultado das fabricantes de carros impulsionou também a queda em outros setores
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A produção das oito maiores montadoras japonesas caiu 49,7% em setembro em relação ao mesmo período do ano anterior, com 398.075 unidades fabricadas em meio à contínua escassez de chips e atrasos na aquisição de peças de países do sudeste asiático graças ao ressurgimento de casos de Covid-19, publicou a Kyodo News.
Essa foi a maior queda desde maio de 2020, quando a produção doméstica de automóveis caiu 61,8% em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando a pandemia do coronavírus começava a causar sérios problemas nas atividades econômicas.
As montadoras japonesas conseguiram se recuperar depois de serem atingidas pelas medidas governamentais. Mas os cortes de produção desde o início de 2021 se deve à falta de peças.
O Instituto de Pesquisa Dai-ichi Life estima em 10% a queda na produção doméstica anual de automóveis em comparação com 2019, quando 8,33 milhões de unidades foram fabricadas. A queda neste ano resultará em uma perda de 5,3 trilhões de ienes no Produto Interno Bruto (PIB) nominal.
Para o economista-chefe Toshihiro Nagahama, “essa pode se tornar a principal causa da desaceleração econômica do Japão”, com impacto em outros setores.
As oito principais montadoras registraram queda na produção para o mercado interno em setembro, com a Subaru Corp. anotando redução de 74,8% após a suspensão de 12 dias em três de suas fábricas.
Já a Daihatsu Motor Co. confirmou queda de 68,2% como reflexo das interrupções na cadeia de suprimentos na Malásia e Vietnã.
A montadora Toyota Motor Corp., a maior do Japão, informou que a queda foi de 55,3%, enquanto a Honda Co. teve redução de 55,5%.
Em termos globais, o total das oito montadoras japonesas caiu 35,5% em setembro em relação ao ano anterior, para 1,56 milhão de unidades, enquanto as vendas mundiais caíram 21,6%, ou um total de 1,82 milhão de unidades.
Risco
Com isso, a produção encolheu pelo terceiro mês consecutivo, após queda de 3,6% em agosto e 1,5% em julho.
"Há risco de que o produto interno bruto do terceiro trimestre se torne negativo", disse Takeshi Minami, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Norinchukin.
"Os embarques de bens de capital diminuíram. Isso sugere que o investimento empresarial não tem crescido."
Foi a maior queda mensal desde uma queda de 6,5% em maio, e mais fraca do que a previsão de perda de 3,2% em uma pesquisa da Reuters com economistas.
O governo deve divulgar uma estimativa preliminar do produto interno bruto para julho-setembro em 15 de novembro.
"No terceiro trimestre, a produção industrial caiu 3,7% em relação ao trimestre anterior", disse Tom Learmouth, economista da Capital Economics para o Japão.
Essa contração "apresenta riscos de baixa para nossa visão de que o crescimento trimestral do produto interno bruto foi zero no último trimestre", disse ele em nota.
Os dados de sexta-feira mostraram que os fabricantes pesquisados pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria (METI) esperam que a produção se recupere à frente, prevendo um ganho de 6,4% em outubro e 5,7% em novembro.
Um funcionário do governo alertou que a produção pode não crescer tanto quanto o previsto, já que as preocupações com a escassez de peças e chips persistem.
No entanto, Minami, da Norinchukin, disse que uma recuperação no sentimento do setor de serviços após a flexibilização das restrições ao coronavírus pelo governo provavelmente apoiará a economia nos próximos meses.
Dados separados mostraram que a taxa de desemprego se manteve estável em relação ao mês anterior em 2,8%, enquanto um índice que mede a disponibilidade de emprego subiu ligeiramente para 1,16 de 1,14 em agosto.
Na frente da inflação, o núcleo do índice de preços ao consumidor de Tóquio, que inclui derivados de petróleo, mas exclui os preços dos alimentos in natura, subiu 0,1% em outubro em relação ao ano anterior, pelo segundo mês consecutivo, mostraram dados do governo.Fonte: Alternativa com Reuters - 29/10/2021