"Revolução na Imigração" como solução para o encolhimento de trabalhadores no Japão
A matéria publicada hoje no ABC News, da Austrália, traz uma análise reflexiva a respeito do declínio populacional do Japão, em vias de perder cerca de metade da sua força de trabalho em 2060, e com isso, o seu status de uma superpotência econômica.
O jornalista Matthew Carney ouviu o ex-diretor do Departamento de Imigração de Tóquio, Hidenori Sakanaka, sobre a imigração em grande escala que alguns chamam de "revolução na imigração", mas que está ganhando pouco de tração em um país que é visto como o mais homogêneo em todo o mundo. No Japão, as taxas de natalidade estão em mínimos históricos e envelhecimento da população em níveis recordes.
Sakanaka, está pedindo o que para muitos japoneses é impensável – a imigração em grande escala. "Precisamos de uma revolução na imigração para trazer 10 milhões de pessoas nos próximos 50 anos, caso contrário, a economia japonesa vai entrar em colapso", disse Sakanaka em entrevista a Carney.
Ele disse que agora o um caso é "preencher ou perecer" e que o Japão precisa mudar sua mentalidade. "O Japão é um país insular e nós não deixamos os estrangeiros entrar por mais de mil anos, por isso não tivemos grandes experiências que vivem com outros grupos étnicos", disse ele na entrevista
A experiência com os brasileiros não terminou bem
No seu conceito, a última experiência do Japão com os imigrantes não terminou bem. Explica que para alimentar o milagre econômico do Japão na época, brasileiros descendentes de japoneses foram encorajados a regressar nas décadas de 80 e 90.
Analisa que com cultura muito diferente, os brasileiros se estabeleceram em comunidades e trabalharam em fábricas, mas quando a bolha estourou e as empresas tiveram que se reduzir, muitos dos 300 mil brasileiros foram mandados de volta para casa.
O jornalista ouviu também de Shoko Takano que tem uma escola que a "maioria das crianças são terceira ou quarta geração, mas ainda não é possível obter a cidadania japonesa. Os brasileiros descendentes de japoneses estão em desvantagem e eles ficam intimidados".
Vistos de trabalhador estrangeiro apresentam problemas
Para o governo japonês a solução pode ser oferecer um visto de treinamento (kenshuu visa) de 3 a 5 anos aos estrangeiros, para suprir a falta da mão de obra japonesa. "Isso é ridículo. Depois de um esforço considerável que eles aprendem habilidades e o idioma no Japão, eles têm que ir para casa passados os 5 anos", disse. O Japão precisa de uma solução definitiva para o problema, não uma solução rápida", declarou Sakanaka.
Na matéria ele opinou que esse tipo de solução não vai durar e deverá ser abolida por que o governo japonês precisa criar uma imigração real.
O jornalista Carney finaliza: "para a prosperidade contínua, o Japão enfrenta uma escolha: abraçar a imigração com direitos totais ou perder sua posição de terceira maior economia do mundo".
Fonte: IPC Digital - 16/02/2015