Pressionadas por Abe, companhias japonesas definem aumentos salariais
As empresas como a Toyota e a Honda vão oferecer aumentos de salário a um nível que nunca deram antes
Grandes empresas japonesas notificaram seus respectivos sindicatos nesta quarta-feira sobre o aumento das escalas de pagamento para concluir as negociações salariais do próximo ano fiscal, que começa em abril.
As companhias atenderam uma solicitação pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, que sugeriu um aumento salarial generoso para impulsionar a economia que ficou mais abalada após a alta do imposto sobre consumo em abril do ano passado.
A atenção vai agora se concentrar na questão dos salários dos funcionários que trabalham em empresas menores e em áreas regionais. Eles criticam que o "Abenomics", plano econômico do governo, beneficiou apenas os trabalhadores de grandes exportadores nas metrópoles.
A Toyota e a Honda vão oferecer aumentos de salário a um nível que nunca deram antes, elevando as tabelas salariais mensais em ¥4.000 e ¥3.400, respectivamente. A Nissan vai aumentar sua escala salarial em ¥5.000, o maior reajuste entre os fabricantes.
Seis grandes empresas de eletrônicos, incluindo Hitachi, Mitsubishi, Panasonic e Toshiba, decidiram aumentar as escalas salariais em ¥3.000 por mês, a maior alta já registrada no setor.
Um iene mais fraco normalmente reforça a rentabilidade dos exportadores, fazendo com que os produtos japoneses fiquem mais baratos no exterior, e empurra para cima o valor da receita no exterior em termos de ienes.
Abe instou os líderes empresariais a utilizar o aumento dos lucros para elevar os salários dos trabalhadores, dizendo que essa medida irá ajudar a alcançar seu objetivo de criar um ciclo econômico virtuoso em que salários mais altos incentivam os consumidores a gastar mais, estimulando assim o crescimento.
"É importante investir em capital humano. Estamos em uma posição importante para vencer a deflação e trazer a economia do Japão a um estado normal", disse o diretor de Competitividade da Nissan, Hiroto Saikawa, numa conferência de imprensa em Yokohama (Kanagawa).
Algumas empresas japonesas, no entanto, como a Sharp, não aumentaram as tabelas salariais, já que a demanda doméstica diminuiu após o alta de 3 pontos percentuais no imposto sobre consumo.
Fonte: Alternativa com Reuters - 18/03/2015