Yonseis: Os desafios para trabalhar no Japão
Palestra do deputado Mikio Shimoji, realizada no dia 05 de agosto
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Se você é uma das pessoas da quarta geração (yonseis) que esperava obter o visto de trabalho nas mesmas condições estabelecidas aos sanseis (terceira geração) pelo governo japonês, é aconselhável buscar outra alternativa, pelo menos por enquanto.
Pelo menos foi isso que se pode entender da palestra do deputado Mikio Shimoji, realizada no último dia 5 de agosto, na tarde de domingo, no Salão Nobre do Bunkyo – uma promoção conjunta entre Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Bunkyo, Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo – Enkyo, Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil – Kenren, Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil, Aliança Cultural Brasil-Japão e CIATE – Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior.
O deputado Shimoji, natural da província de Okinawa, além de ocupar vários cargos públicos, foi reeleito duas vezes para a Câmara dos Representantes. É membro do Partido da Restauração do Japão.
Na palestra, com a presença de cerca de 120 pessoas, o deputado colocou em prática sua larga experiência política para argumentar e explicar o chamado "Programa de Aumento da Recepção de Yonseis", em vigor desde 1º de julho de 2018.
>> informações sobre o Programa estão disponíveis no site do Ministério da Justiça do Japão (em japonês, inglês, espanhol e português)
Acompanhe a seguir os principais pontos da palestra de quase três horas, com tradução consecutiva para o português.
Novo ambiente – diferente de sua expectativa
O deputado Shimoji admitiu, na abertura do evento, que daquilo que esperava e relatou durante palestra em São Paulo, no dia 21 de agosto de 2017, não se confirmou. "O ambiente que encontrei na administração pública e política do Japão em relação aos yonseis não era exatamente o que esperava", afirmou, "ou seja, não havia disposição para dar tratamento semelhante ao dispensado aos nisseis e sanseis".
O deputado japonês ressalta que, entre os yonseis, "talvez a vontade de conhecer o Japão seja menor do que o das gerações anteriores e outro obstáculo é o conhecimento insuficiente da língua japonesa como capacidade comunicativa".
Tomando essas referências como base, afirmou o deputado Shimoji, foi pensado "um novo regime que pudesse dar chances e oportunidades para que o yonsei possa permanecer lá, aprender mais não só a língua japonesa como tantas outras coisas".
Garante que, "refletindo as vozes que levei aqui dos senhores para a esfera pública, criamos uma janela para que a quarta geração possa conhecer o Japão". E esse novo sistema entrou em vigor em 1º de julho de 2018.
Itens fundamentais do Programa
"Naturalmente, desejamos que os yonseis vivam e trabalhem no Japão, e temos mais um item: queremos que eles atuem como elo do Japão-Brasil e, para isso, precisamos criar um sistema firme para acolhê-los com bastante responsabilidade", afirmou o deputado Shimoji.
"Não haverá restrição no tipo de trabalho ou estudo", mas, ao mesmo tempo, garante, "prevê a oportunidade para aprender sobre a nossa cultura e sobre a nossa língua".
Informou ainda que o programa para os yonseis estabelece a permanência máxima de 5 anos no Japão, tempo em que "os yonseis se apaixonem pelo Japão, pela nossa cultura, que aprendam muitas coisas boas, não somente a parte técnica; e tragam conhecimentos que contribuam para o desenvolvimento do Brasil".
Acredita que as pessoas "vão se esforçar, se emprenhar ao máximo no Japão e depois de retornar ao Brasil, temos a ideia de conceder a renovação da permissão de estadia para aprofundar ainda mais sobre o estudo".
Informou que a faixa etária foi estabelecida para 18 a 30 anos, admitindo-se que o interessado venha a atingir a idade máxima durante a estada no Japão.
Anunciou durante a palestra que estão sendo avaliadas as propostas para ampliar a idade limite, caso "recebamos uma enxurrada de pedidos da comunidade nikkei".
Outro ponto crucial: o interessado não poderá ir ao Japão acompanhado da família. "Essa questão nos fez pensar bastante", garantiu o deputado Shimoji. "Primeiramente, deverá ir sozinho e depois há possibilidade de levar a família, caso consiga ganhar estabilidade para sua subsistência".
"Naturalmente, não somos a favor do distanciamento da família, muito menos durante cinco anos", diz o deputado, garantindo estar ciente de que esse é um ponto de forte questionamento na comunidade nipo-brasileira, e um "potencial tema" para ser estudado pelas autoridades públicas. Ressalva, no entanto, que eles precisam de um tempo, após o início da validade do programa para avaliar as condições de receber os filhos de estrangeiros nas escolas, principalmente.
Outro ponto polêmico nesse novo sistema é a exigência do nível 4 da proficiência de língua japonesa (a certificação oficial possui cinco níveis, sendo que o básico é N5 e o mais avançado, o N1).
"Quando estabelecemos esse sistema sempre tivemos em mente que a quarta geração não tem conhecimento de língua japonesa suficiente para se comunicar e viver no Japão, assim, vai ter de enfrentar dificuldades para se adaptar no Japão", argumenta o deputado Shimoji, apontando que essa dificuldade seria duplicada se estivesse acompanhado dos filhos e esposa.
Então, pensando no bem-estar do yonsei no Japão, "achamos mais prudente iniciarmos o programa desta forma: o interessado irá sozinho, ele se esforçará para dominar a língua e adaptar-se aos costumes".
Acrescenta que a exigência do N4 decorre "da experiência amarga, digamos, junto a uma parte dos sanseis que chegaram no Japão sem nenhum conhecimento da língua", afirma, acrescentando que "estes acabaram ficando isolados na sociedade japonesa".
Acredita que os yonseis têm de fazer "o esforço prévio no Brasil para obter o nível razoável em língua japonesa, que é o N4, e assim ter mais capacidade para viver no Japão". O deputado explica que "a nova concepção é que se esforcem antes de ir ao Japão para que, depois, venham a ter boas oportunidades".
Outro item fundamental nesse novo sistema aos yonseis é a atuação dos "assistentes de recepção" dos yonseis, os chamados "sappota" (supporter = apoiadores). De acordo com ele, o sistema exige que todo yonsei tenha um assistente que estará supervisionando as atividades dele, "como se fosse um tutor". Explica que "sempre estará conversando com o yonsei sobre suas dificuldades, seja em relação ao dia-a-dia, a vida, sobre o aprendizado da língua".
Ressalta que "é muito importante que este assistente não seja como os representantes de empreiteiras que só apresentavam o candidato para as empresas e assim terminava o trabalho deles". A diferença fundamental nesse sistema é que esse assistente deverá atuar como voluntário, devidamente registrado junto ao Ministério da Justiça do Japão.
Ressalva que essa medida visa não somente a assessoria física, como também psicológica, pois tem como principal preocupação "formar os yonseis com carinho e cuidado, valorizando-os. Não queremos proporcionar a eles somente a oportunidade de trabalho, mas sim, gostaríamos que se tornassem fãs do Japão, que passassem a gostar do Japão".
Reiterou, várias vezes, que "esse novo sistema não é estático, pode mudar" e que, nesse sentido, a presente palestra tinha como finalidade não somente explicar sobre o novo programa, bem como "criar uma situação para trocas de ideias e ouvir as opiniões da comunidade".
A sessão de Perguntas e Respostas
Boa parte do tempo do encontro foi dedicada às perguntas do público, momento que exigiu muita habilidade do parlamentar para defesa do "Projeto de Aumento de Recepção dos Yonseis".
Yasuo Yamada, presidente do Kenren, reclamou do projeto e que as exigências são inúmeras, sem diferença ao estabelecido a outros povos que não possuem identidade com os japoneses, com ocorre com os yonseis.
O deputado Shimoji concorda que essa identidade realmente existe, e que "essas exigências são decorrentes das aspirações do governo japonês para que os yonseis possam trabalhar com a gente para reconstruir o nosso Japão. Para tanto, gostaríamos de ampliar ainda mais essa relação por meio dos yonseis".
Yasuo Yamada (Kenren) lembrou a questão demográfica japonesa e que os nipo-brasileiros poderiam contribuir para minorar essa redução populacional e, ainda, que a permissão para longa estadia no Japão fosse estendida também a 5ª e 6ª geração.
O deputado Shimoji garantiu compartilhar dessa possibilidade e que esse programa para o yonsei não é final e que estão em uma fase de testes e dependendo dos resultados, que ele poderá ser aberto para as gerações seguintes.
Yasuda, diretor da Federação dos Clubes dos Anciões, acredita que a idade da geração yonsei não passa de 40 anos e que mesmo com essa idade "serve muito bem como força de trabalho". Quanto à proficiência N4, "para nós, japoneses, é fácil, o que não acontece para a 4ª geração" e solicitou, portanto, que "essa exigência fosse eliminada".
Em resposta, o deputado Shimoji afirmou que quanto à faixa etária, "essa é uma idade em que a pessoa está mais preparada para o desafio da vida". Além disso, em conjunto com o Ministério da Justiça, constatou-se que é uma faixa etária que poderia abranger a parte principal da geração yonsei do Brasil.
Reiterou, no entanto, que à medida em que o programa vai sendo implantado, mudanças poderão ocorrer para adaptar-se à realidade dos interessados.
Em relação ao nível de proficiência N4 da língua japonesa, o deputado admite que "pode não ser fácil, mas eu quero que a vida dele não fique difícil depois, quando chegar ao Japão. Espero que façam esse esforço, aqui no Brasil, para aprender a língua japonesa em nível razoável antes de ir ao Japão e, depois, lá, possam viver uma vida mais proveitosa".
Participante: eu também sonho em ir ao Japão, mas como muitos yonseis da minha idade, já sou casado e tenho filhos. Não haveria possibilidade de mudar essa exigência em relação à família?
Deputado Shimoji: reiterou a dificuldade em decidir sobre a questão familiar, mas acabou, de acordo com ele, optando pela "prioridade do programa". Ou seja, "queremos que a geração yonsei tenha a oportunidade de enfrentar bons desafios, tais como aprender mais sobre a língua japonesa e absorver muitos conhecimentos através do trabalho, etc."
"Além das dificuldades inerentes de um recém-chegado ao Japão, vir acompanhado da família, ter o filho em idade escolar é uma preocupação a mais. Ficamos preocupados que, por conta disso, essa experiência possa não ter êxito, e por isso tomamos essa decisão em relação à família".
"Nós sempre repetimos, venha a primeira vez, experimente o programa, viva no Japão um ou dois anos e, depois, vamos estudar a possibilidade de trazer a família, levando-se em conta o domínio da língua japonesa, o comportamento e a estabilidade financeira do interessado".
Stephanie: na palestra anterior, perguntei sobre a idade para ida ao Japão, e o deputado respondeu até 120 anos. Todos entenderam que não haveria limite de idade. Hoje o senhor retornou dizendo que o programa tem limite entre 18 e 30 anos. Acredito que o próprio deputado tenha pensado que o limite de 30 anos seja muito baixo.
Deputado Shimoji: peço desculpas por ter falado em 120 anos, foi uma expressão exagerada, mas manifestei minha vontade em receber o maior número possível de yonseis no Japão. Como disse anteriormente, depois de iniciar este programa, se aparecerem muitos interessados acima de 30 ou 40 anos, isso criará uma situação em que teremos de reavaliar sobre o limite da idade.
Participante: o senhor comentou que o yonseis não têm os mesmos conhecimentos que a geração anterior. Penso que, ao contrário, muitos dos yonseis nasceram no Japão e tiveram contato com a cultura e a língua japonesa. Muitos têm mais conhecimentos que muitos sanseis. A permuta principal seria – não seria o caso de se fazer um estudo para se conhecer o perfil dos yonseis?
Deputado Shimoji: obrigado pela ótima colocação. Acredito que este novo programa seria uma oportunidade para avaliar e observar qual a capacidade do yonsei de se habituar, se adequar à nossa cultura e à vida na sociedade. Diante disso, seremos obrigados a rever e reestruturar esse programa. Portanto, nos dê a oportunidade para reavaliar, observar qual o jeito de pensar dos yonseis e as suas capacidades.
Laís: não seria propriamente uma pergunta, seria uma sugestão. Sou yonsei, tenho 29 anos, e não sei nada de japonês. A minha sugestão: entendo que o governo japonês tem essa preocupação e cautela com a qualidade de vida do yonsei. Acho isso fantástico. Assim, ao invés do N4, que eu não conseguiria alcançar até a idade limite estabelecida, talvez fosse o caso de mudar para o inglês, o inglês intermediário. Seria então, um dos requisitos para o yonsei, aprender a língua quando estiver no Japão. Ou seja, eu consigo me comunicar super bem em inglês e aprenderia o japonês estando no Japão.
Deputado Shimoji: tenho certeza de que, com essa postura formidável, você conseguiria passar no exame. A senhora fala em inglês? O problema é que, infelizmente, os japoneses não conseguiriam falar. Acho sensacional saber se comunicar em inglês, em português. Porém, o povo japonês não chegou nesse nível. Peço um tempo para mudar o Japão para que possamos recebê-los em inglês.
Karina: sou atleta de uma associação de karatê. Queria saber se existe alguma previsão diferente para quem pratica algo cultural no Japão e no Brasil. E estudando lá, quais as facilidades para que tenha a permanência aumentada para mais de 5 anos? Pratico karatê e tenho chance de ir ao Japão.
Deputado Shimoji: o programa atual não prevê período de estudo para mais de cinco anos, mesmo para pessoas que praticam artes marciais como karatê e judô. Peço que faça uma boa leitura do manual de visto para o yonsei. Lá consta o nosso propósito de chamar os yonseis para que aprendam mais sobre a nossa cultura, que engloba karatê, cerimônia de chá, ikebana, shodo, etc.
Portanto, existe já dentro de nossas condições para as empresas, que pelo menos uma vez por semana ofereçam a oportunidade de estudo aos yonseis. Vamos estudar para que esse processo se aperfeiçoe cada vez mais, de forma que essas pessoas estudiosas da cultura japonesa possam ficar mais, além dos cinco anos.
Araki: tenho uma sugestão ao novo programa, que considero muito rigoroso. Que se dê a oportunidade do yonsei pedir o visto nas mesmas condições do sansei, mas depois de permanecer um tempo no Japão, no momento da renovação da estada é que se poderia exigir o conhecimento N4.
Deputado Shimoji: entendo muito bem essa colocação, realmente, morando no Japão é a melhor forma de aprender a língua. Porém, a expectativa deste programa é diferente. Queremos que o yonsei chegue lá tendo uma capacidade razoável de comunicação e possa aproveitar e aprender mais sobre o Japão. Implantamos esse sistema baseado na experiência com os sanseis, que não foi muito boa. Portanto, esperamos que esses yonseis que querem ir ao Japão, que tenham forte determinação e força de vontade de estudar e conquistar um nível de conhecimento que lhes permita ir ao Japão.
Participante: sobre o sistema de assistente de recepção, já existe uma lista de pessoas das empresas que podem acompanhar os interessados como tutor e que estarão atuando com voluntários.
Deputado Shimoji: está sendo montado um site no Ministério da Justiça onde iremos disponibilizar uma lista de candidatos a assistente de recepção com o número de telefone deles e que pode apresentar também o emprego para o candidato yonsei interessado em ir ao Japão. Por ser uma página oficial, do Ministério da Justiça, pode-se confiar com tranquilidade.
Adotamos este sistema a partir da reflexão do que aconteceu com os sanseis, que sofreram nas mãos das empreiteiras que estavam interessadas somente nas comissões pagas pelas empresas. Acreditamos que com esse sistema, todas essas experiências desagradáveis com os sanseis não serão repetidas.
Participante: os sanseis que já trabalham no Japão também poderiam ser assistentes de recepção? Já existe uma situação em que muitos nikkeis da terceira geração não têm condições de ir ao Japão porque seus filhos são da quarta geração. E assim, não poderiam atuar como assistentes de seus próprios filhos?
Deputado Shimoji: de acordo com ele, esta é uma situação que não foi pensada e, portanto, irão estudar esta condição.
Precisamos atentar ao fato de que o sansei ou outras pessoas para serem assistentes de recepção, tanto japoneses como estrangeiros, devem ser residentes no Japão. Além disso, devem ter pelo menos o visto permanente ou visto especial permanente.
Reimei Yoshioka: faço parte de uma entidade que tem mandado muitos sanseis para estudar no Japão, trabalhando e se sustentando. Eles estudam a língua japonesa no período matinal ou vespertino. Essas pessoas retornam, geralmente, com o nível N2. Então, é muito mais fácil a pessoa estar no Japão e aprender o japonês. Só que tem de ser um estudo bem dirigido, não adianta a empresa dizer que vai ensinar o japonês, isso não funciona.
Deputado Shimoji: é uma ótima colocação. Sem sombra de dúvidas que é melhor estudar o idioma no próprio país. Estamos estudando implementar uma série de mecanismos para aprimorar esse novo sistema.
No Japão, recebemos vários estrangeiros de diferentes origens, tais como China, Mianmar, Vietnã e, infelizmente, calcula-se que por ano cerca de 10 mil deles desaparecem no país. Muitas vezes, o motivo desses desaparecimentos é a dificuldade de comunicação que os faz se isolar de seus colegas, da comunidade.
Nesse sentido, nossa preocupação é para que esse tipo de desaparecimento, ou seja, essa situação infeliz, não ocorra com os yonseis e, por isso, pedimos o conhecimento N4 que, com isso, poderá se comunicar minimamente em japonês e se sentirá tranquilo tanto no trabalho como na comunidade.
Então, por isso, peço para que os senhores nos deem esse consentimento de poder iniciar dessa forma com seus filhos e netos porque, aliado a isso, estabelecemos o sistema de assistente de recepção que, com certeza, não os fará sentir só.
Sei que muitos dos senhores gostariam que fosse dado o mesmo tratamento para os sanseis e yonseis. Eu peço para que os senhores considerem e contemplem o novo programa de acesso aos yonseis como resultado de uma análise sobre os erros e problemas que aconteceram com os sanseis no sistema anterior. Portanto, consideremos esse programa para o yonsei como uma tentativa de soluções dos problemas anteriores.
Não arquitetamos esse novo programa exclusivamente com o propósito de recebê-los como mão-de-obra. Queremos que vocês possam ir ao Japão e possam ter uma experiência feliz e passem a gostar do Japão e possam se tornar fãs de nossa cultura.
Criamos um sistema de segurança para empreiteiras de má fé não se aproveitarem dos yonseis. Haverá o assistente de recepção, que pode ser pessoa jurídica, e não poderá receber remuneração ou comissão, nem da empresa acolhedora nem do próprio yonsei.
Embora tendo sido criticado, tenho tranquilidade para dizer que este programa foi arquitetado estabelecendo uma visão de longo prazo, para formar um melhor relacionamento com os nipo-brasileiros e o Japão. Portanto, reitero, permitam iniciarmos esse programa dessa forma, que tenho certeza que teremos uma ótima comunicação com os yonseis e, em melhores condições e mais segurança.
Tereza Otaki (Gema Turismo): enviamos cerca de 50 pessoas ao Japão e gostaria de parabenizar por esse novo sistema. Baseado nas referências que temos de dificuldades, acho que não é somente o ensino da língua japonesa, mas o ensino aliado às informações sobre cultura, hábitos e até pensamento e espírito dos japoneses. Assim, nesse sentido, temos de investir mais em professores, não somente em São Paulo, mas fora da Capital, no interior.
Deputado Shimoji: muito obrigado por suas sugestões. Não discordo das opiniões de que realmente o N4 possa ser muito alto, podemos trabalhar de forma a dar assistência para formar mais e mais professores capacitados.
Gostaria de compartilhar com os senhores a iniciativa do governo japonês para melhorar a comunicação com os nikkeis com o aumento de vagas para bolsistas, criação de novas vagas para pós-graduação.
O governo japonês se esforça para abrir essas oportunidades, mas por parte daqui, do Brasil, também dever ter esse esforço para preencher essas vagas, pois quando não são preenchidas, há revisão e consequente redução do número de vagas.
Palavras de encerramento do deputado Shimoji
Obrigado pela atenção de todos. Vou levar os questionamento e comentários para o Japão e estuda-los com atenção.
Vamos conduzir esse programa com cautela, inteligência e prudência para que alcance pleno sucesso. Acabamos de iniciar o programa e nossa expectativa é a de alcançar cerca de 4 mil pessoas neste primeiro ano, caso contrário, podemos ouvir críticas do Japão.
Nesse sentido, o papel dos senhores é muito importante, ou seja, de levar esses conhecimentos e apresentá-los aos yonseis que se enquadram nesse perfil.
Outra coisa importante é o sistema de assistente de recepção, que dará tranquilidade e segurança aos senhores que são pais e avós dos yonseis. Não vamos receber esses yonseis somente como mão-de-obra, eles vão trabalhar numa empresa e terão como compensação de trabalhar e estudar. E, nesse sentido, nós arquitetamos esse programa com tranquilidade e longo prazo, visando, primeiramente os yonseis, depois a quinta e sexta gerações.
Entendemos que a entrada é um pouco difícil, mas temos a visão de que os yonseis são bisnetos dos imigrantes que puxaram enxada nesta terra e enfrentaram tantas dificuldades, mas conseguiram construir este país e, portanto, obter a proficiência em N4 é fácil.
Assim, encerro minha palestra com essa vontade, essa expectativa de que juntos poderemos aprimorar este programa.
Fonte: Bunkyo - 26/09/2018